Quem acompanha o Diário de Bordo sabe que sou do Partido da Manutenção em Casa por vários motivos: para quem viaja é imprescindível conhecer o básico de mecânica para resolver um problema simples; na hora de discutir com a concessionária, demonstrar conhecimento evita uma eventual tentativa de enrolação; economizar alguns trocados sempre é bom e por último mas não menos importante, passar algumas horas mexendo na motoca é uma terapia impagável.
Expostos os meus argumentos, passemos à manutenção em questão: troca de óleo do motor.
Apesar da última revisão ter acontecido há apenas 3 meses, a viagem ao Atacama consumiu os 5.000 quilômetros de vida útil do Motul 5100 colocado pela concessionária e no último domingo, finalmente, consegui descer para a garagem durante um par de horas e trocar o óleo da GS.
Primeiro o primário: o que utilizei?
- 3 litros de óleo
- filtro de óleo
- arruela de vedação do parafuso do cárter
- chave allen (parafuso do cárter)
- chave L (protetor do cárter)
- saca filtro
- bandeja
- funil
A troca de óleo de uma moto qualquer, por si só, não reserva muitos surpresas: depois de colocar a moto no cavalete, deixei o motor ligado por alguns minutos e retirei o parafuso do cárter, por onde saíram quase 3 litros de óleo; saquei fora o filtro em seguida (se o amigo leitor gosta de fazer um serviço limpo, talvez seja interessante colocar um jornal entre o filtro e o cárter para evitar que este último fique emplastado), por onde escorreu mais um pouco do óleo queimado e bastou colocar o parafuso do cárter (com uma arruela de vedação nova) e o novo filtro (com uma passada de óleo queimado na borracha de vedação) nos seus lugares para devolver o lubrificante ao coração da moto.
Simples e rápido. Mas que marca de óleo usar? E de filtro? É possível reutilizar a arruela de vedação? E o que fazer com os resíduos? Vejamos.
Como não tenho reclamações a respeito do óleo usado pela concessionária, segui utilizando o Motul, marca reconhecida como uma das melhores do mercado – mas aqui cabe uma observação importante: existe um Motul 5100 10W50, que por ser mais viscoso pode, em teoria, deixar de lubrificar alguns lugares do motor. E adivinhe como descobri isso? Claro: pedi um Motul 5100, exatamente o mesmo usado pela concessionária, e só em casa percebi que era 10W50 (e eu sabia que deveria usar o 10W40 pela descrição da nota fiscal da última revisão).
A novela do filtro, por outro lado, é mais extensa: pesquisei sobre o assunto em vários fóruns de proprietários e encontrei os mais diferentes relatos, inclusive alguns deles apontando como compatíveis os filtros do Ford Ka e do Renault Clio. As as discussões vão longe e, apesar de alguns estarem utilizando estes modelos há bastante tempo (e outros apontarem os possíveis problemas, como resistência à pressão e vazão), não tive segurança suficiente para encarar a experiência.
Segundo os fabricantes de filtros de óleo, existem basicamente dois mecanismos que podem ou não fazer parte da construção de um modelo específico: a válvula de alívio (que permite a passagem do óleo de volta para o motor sem passar pelo elemento filtrante, para o caso do filtro restringir a passagem por excesso de sujeira ou de viscosidade do óleo) e a válvula anti-retorno, necessária em alguns casos para evitar que, ao desligar o motor, o óleo volte todo ao cárter e comprometa a lubrificação na próxima partida (pelo tipo de construção do motor da F 800, não me parece que seja necessária essa válvula; durante a troca, é possível perceber que o filtro está sempre cheio de óleo).
No final das contas, acabei comprando um filtro da marca Athena, que já foi utilizado por outros proprietários e é homologado para as F 800 (R e GS). Na próxima troca, vou me organizar melhor e tentar comprar no eBay um K&N, que, além de ser um produto de qualidade, pode ser retirado com uma chave de boca e dispensa o saca filtro.
Por falta de outra alternativa, comprei dois anéis de vedação na concessionária e acertei ao não tentar reutilizar o que estava na moto: o aperto do parafuso contra o cárter cria um vinco na arruela que certamente faria com que ela não cumprisse seu papel (li em algum lugar que os filtros K&N já vêm com essa arruela, então pode ser uma forma de economizar mais R$ 8 na troca do óleo).
No final das contas, serviço feito, sobra a bagunça. Não me preocupei em limpar criteriosamente a bandeja e o funil, pois serão novamente utilizados em breve, e aproveitei os litros vazios de óleo para colocar o que saiu do motor para levá-los até o posto de gasolina onde normalmente abasteço para o descarte adequado. O filtro usado está guardado para uma comparação futura: vou serrá-los todos (o da concessionária, este que coloquei agora, um K&N e um veicular) e descobrir se possuem os mesmos mecanismos de segurança.